quarta-feira, 7 de junho de 2017

Meu amor morreu: jornalista relata luto após fatalidade

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Encontrar o amor da vida não é tarefa fácil. Aquela pessoa que tem os mesmos valores, que compartilha as mesmas metas. Que rende boas risadas, longas conversas, viagens inesquecíveis. Mais difícil ainda é encontrar este alguém, e depois perdê-lo. Pior ainda, por conta de uma fatalidade. Essa é a história da jornalista Lina Mancuso, 32, que há um ano tenta se recuperar da morte do namorado Mauricio Lima, o Tito. Em junho de 2016, em uma viagem a trabalho para Nova York, o administrador sofreu um aneurisma fulminante, pouco depois de falar pela última vez com a namorada por telefone. “Perdi 7 quilos em um mês”, lembra, acrescentando que ainda se recupera do trauma.
Saudade sem fim
Tito viajava muito a trabalho, e também por lazer. Por isso, Lina já estava acostumada a passar alguns períodos longe do namorado. “Nunca fui chata, quando ele viajava com os amigos para surfar, nunca liguei, mesmo que ficasse 10, 12 dias.” Mas naquela semana de junho, depois de terem voltado de uma viagem para celebrar o Dia dos Namorados em Maresias, litoral norte de São Paulo, foi diferente. “Eu comentei com muita gente que estava com uma saudade fora do normal. Eu não entendia, já tínhamos ficado até mais dias separados, mas eu estava morrendo de saudades.”
A preocupação chegou no fim da semana. “Nos falamos na madrugada de quinta. Na sexta, tentei falar com ele o dia todo, mas não consegui. No sábado, descobrimos que ele estava morto no quarto do hotel. Ele faleceu dormindo, estava com uma fisionomia super serena”, conta. Para Lina e os familiares, o caso não tem explicação lógica. Tito era esportista, sempre surfou, praticava corrida e tinha saúde em dia. “O aneurisma é uma doença muito silenciosa, mas quando ele se manifesta, não tem muito o que fazer. A morte é súbita.”
História de filme
Embora esteja ainda se recuperando do baque, Lina recorda com alegria o tempo vivido com Tito, que descreve como “história de filme”. A amizade começou na época do colegial; ambos estudavam no colégio Arquidiocesano, em São Paulo. “Ele sentava atrás de mim, sempre fomos muito amigos. Mas ele namorava uma pessoa, e eu também.” Terminado o terceiro ano, acabaram ficando algumas vezes, mas a vida os distanciou. “Mesmo assim, ainda éramos amigos de Orkut, então nos falávamos sempre”, relembra.
Alguns anos depois, a mesma rede social voltou a unir os dois. Tiveram um primeiro encontro, apenas como amigos. “Uma semana depois, saímos de novo. Foi quando ele me beijou pela primeira vez depois de tanto tempo. Depois desse dia, foi questão de três meses para engatarmos o namoro. Começamos a nos ver sempre e nunca mais nos separamos.”
Amor sólido
Tito e Lina namoraram por oito anos e tiveram a oportunidade de se fortalecer como casal. “A paixão vai foi se transformando em amor, e assim veio a certeza de que ele era o homem da minha vida. Crescemos muito juntos. E era muito sólido, porque éramos muito amigos. Tínhamos certeza que queríamos ficar juntos para sempre.” E se não fossem interrompidos pelo destino, iam mesmo: Tito faria o pedido de casamento no final do ano passado, para se casarem em 2017.
A jornalista conta que só faltava o papel para oficializar. ‘’Não era um namoro só de fim de semana, dormíamos quase sete vezes por semana juntos. Então depois de cinco anos de namoro, decidimos comprar um apartamento. Queríamos ficar juntos todos os dias.” Casar no estilo tradicional era uma vontade de Lina, mas era um desejo maior ainda de Tito. Ela conta que teria casado “de qualquer jeito”, mas o namorado queria uma festa grande na praia. Como haviam comprado apartamento há pouco tempo, precisavam juntar mais dinheiro. “Já falávamos sobre quem seriam nossos padrinhos e madrinhas. Falávamos em filhos.”
O casal chegou a morar junto por dois anos. “A nossa convivência era maravilhosa! Não tinha estresse, gostávamos das mesmas coisas. Nos respeitávamos e nunca fomos de brigar. Éramos muito parceiros. Quando o Tito faleceu, eu sofri demais, tanto pela perda do meu namorado quanto do meu amigo. Foi uma relação muito boa, que eu tive a graça de ter na minha vida.”
Caindo a ficha
Se dar conta que perdeu o grande amor não é algo que acontece do dia para a noite, como relata Lina. “No começo você vai meio que seguindo a vida por inércia, levando do jeito que dá. Eu sofro até hoje, isso foi há um ano atrás e eu falo que ainda tenho muita coisa pra melhorar”, diz. A jornalista buscou força nos amigos, e sobretudo nos familiares, para afastar a tristeza e tentar guardar somente os momentos bons vividos ao lado do parceiro. A relação com a sogra e com o sogro, que já era boa, ficou ainda melhor e mais próxima após o ocorrido. “Viraram um pai e uma mãe para mim, nosso laço é muito forte.”
O lado bom da vida
Quando está muito triste, Lina procura pensar no lado bom das coisas, no tempo que dividiu com o parceiro. “Sou feliz por tudo o que construímos juntos, por ter vivido um amor tão lindo.” Voltar a amar é possível, ela afirma, mas ainda não se sente recuperada para isso. 


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