terça-feira, 6 de junho de 2017

Menina salva livros ao fugir de enchente em PE e comove a web

terça-feira, 6 de junho de 2017
O drama de uma menina de apenas 8 anos, vítima das enchentes em Pernambuco emocionou os brasileiros esta semana.  E não foi pelo o que ela perdeu, mas pelo o que conseguiu salvar.


A menina Rivânia foi resgatada de uma casa simples onde mora com os avós, em São José da Coroa Grande. Walter registrava os flagrantes da cidade inundada pelas águas quando viu a Rivânia na jangada, na chuva. As fotos da menina caíram na internet, foram compartilhadas e emocionaram os brasileiros. A criança aparece sozinha e molhada, ajoelhada na jangada, abraçando a mochila. Ela tremia de frio e rezava de olhos fechados.
A enchente invadiu a casa já humilde, com chão de cimento batido e paredes de tijolos sem rebocos, erguida no distrito de Várzea do Una – lugar onde o rio se encontra com o mar no município de São José da Coroa Grande, Zona da Mata Sul de Pernambuco. Era domingo, dia de descanso e brincadeiras quando a chuva intensa chegou. A água, que continuava a subir, virou ameaça. Dona Maria Ivânia recomendou à neta que salvasse o mais importante. Hora de partir. Rápido. Vá. Rivânia tem 8 anos. Com um vestidinho vermelho de alcinhas e pés descalços, ela pegou uma mochila e enfrentou o medo. Subiu numa jangada, como as que servem para encantar turista nesse lugar paradisíaco em dias de sol intenso, e ajoelhou-se.
“Naquela hora a menina fechou os olhos e rezou pedindo proteção a Deus”. O relato foi feito por ela ao padre Jerônimo de Menezes, que a visitou na segunda-feira pós tragédia. Rivânia, conhecida nas redondezas pelo apelido “Ri”, queria salvar a sua própria vida, a vida da avó dona Maria, do avô Eraldo, alguns livros e um pouco do seu material escolar. O maior tesouro da menina, aquele que estava protegido sob os seus braços magros, era a mochila de contornos rosa pink e listras coloridas que leva consigo todos os dias para a aula na escola municipal onde estuda. Agarrada com a bolsa, apoiou seu pequeno rosto e respirou fundo em busca de esperança.
Se há uma única imagem que pode simbolizar o drama vivido até então pelos desabrigados e atingidos pelas enchentes dos últimos dias, é a de Rivânia ajoelhada na jangada. Foi fotografada por Valter Rodrigues e publicada pelo blog de Tenório Cavalcanti, voltado para a Mata Sul. Triste, comovente. “Ela poderia ter pego brinquedo, roupas, mas o mais importante para esta garota foi salvar o material escolar dela. Para mim, é um exemplo”, afirmou Tenório. “Eu diria que é um elogio muito forte à educação. Me tocou profundamente”, emendou o padre Jerônimo, que visitou a família quando estava percorrendo a comunidade de Várzea do Una para averiguar os prejuízos causados e oferecer ajuda. A família de Rivânia voltou à casa onde reside. Continua em situação precária.
Esta foi a primeira vez que a moradia dos avós, que criam a menina Rivânia, foi atingida pela enchente. Eles moram há três anos à beira do Rio Una, mas já pensam em deixar o local para não reviver o que passaram nos últimos dias. 

Rivânia escolheu salvar os livros que colocou dentro da mochila. Os livros e também o caderno, onde anota as lições com a letra caprichada. A família de poucos recursos está vestindo e comendo o que recebe de doações, mas Rivânia não se deixa abater e sonha com o futuro.
Você pode imaginar o impacto que é viver um episódio de medo extremo, do prenúncio de perda de tudo e de todos que a cercam. Imagine Rivânia, com apenas 8 anos

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