quarta-feira, 31 de maio de 2017

Pedrinho viveu com sequestradora que acreditava ser sua mãe por 16 anos

quarta-feira, 31 de maio de 2017

No dia 21 de janeiro de 1986, na maternidade Santa Lúcia, em Brasília, um bebê foi levado da mãe, com apenas 13 horas de vida, e passou 16 anos desaparecido, até ser localizado em Goiânia vivendo como filho de Vilma Martins Costa, com o nome Osvaldo Martins Borges. Em 2002, o episódio ficou conhecido como caso Pedrinho, em referência ao nome que os pais verdadeiros escolheram.

Formado em Direito, Pedro Rosalino Braule Pinto, hoje com 31 anos, foi morar em Brasília, casou-se e teve um filho, em novembro de 2012. Os pais biológicos, Maria Auxiliadora e Jairo Tapajós Pinto, passaram a receber o filho, nora e neto em praticamente todos os finais de semana, segundo reportagem publicada no GLOBO na edição do dia 8 de fevereiro de 2016.

Após tanta espera, Maria Auxiliadora e Jairo reencontraram o filho em um escritório de advocacia em Aparecida de Goiânia, no dia 10 de novembro de 2002. A reunião se deu três dias depois da confirmação genética de que Pedro era o recém-nascido sequestrado em Brasília. Durou quase duas horas e foi marcado por muita emoção, mas por momentos de constrangimento. Quando as duas mães foram apresentadas, Vilma puxou a mãe biológica para dizer:

– Você sabe muito bem que não fui eu!

No dia seguinte, O GLOBO publicou uma reportagem sobre o encontro. Na ocasião, Pedro disse que continuaria a viver com a mãe que o sequestrara. Também manifestou a preferência pelo nome Júnior, como era conhecido pela família adotiva. Perguntado sobre o sentimento de encontrar os pais verdadeiros, ele respondeu:

– Normal. Estou muito feliz, me sentindo muito bem, encarando tudo de forma muito simples. A família agora vai ficar grande.

De fato, Pedrinho permaneceu com a mãe adotiva, mas até 28 de julho de 2003, quando se mudou para a casa dos pais biológicos. Desde o primeiro contato com Jairo e Maria Auxiliadora, ficou combinado que a aproximação se daria aos poucos. A ideia de viajar para Brasília foi do próprio rapaz, depois de constatar que a mudança viabilizaria seus estudos.

Pedrinho não perdeu o contato com a família adotiva. Além de ver Vilma, ele visitava a irmã de criação, Roberta Jamilly Martins Borges, também levada pela sequestradora de uma maternidade. Roberta, contudo, não voltou a morar com os pais biológicos. Conforme reportagem do jornal publicada em 2016, ela não entrou mais em contato com a mãe verdadeira, Francisca Maria Ribeiro, na ocasião com 75 anos.

Condenada a 19 anos e nove meses, em 2003, Vilma teve redução de pena de quatro anos graças a recursos. Após cumprir cinco anos, recebeu em 2008 a liberdade condicional. A pena acaba em 16/2/2019.

A saga de Pedrinho rendeu histórias na literatura, na televisão e no cinema. A novela "Senhora do destino", de Aguinaldo Silva, exibida na TV Globo entre junho de 2004 e março de 2005, remeteu o público ao caso: na trama, Lindalva (Carolina Dieckmann) é levada de um hospital, ainda recém-nascida, das mãos da mãe, Maria do Carmo (Susana Vieira). A sequestradora Nazaré (Renata Sorrah) rebatiza a menina com o nome Isabel.

Em 2015, a história do menino virou livro, "O caso Pedrinho", escrito pelo jornalista Renato Alves. Ainda inspirou, em 2016, o filme "Mãe só há uma", da cineasta paulista Anna Muylaert.

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