segunda-feira, 15 de maio de 2017

Filho reencontra a mãe após reconhecê-la em reportagem com moradores de rua: 'Quero muito ajudá-la'

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O segundo domingo de maio é uma data especial para muitas famílias brasileiras, que comemoram o Dia das Mães. Mas, para o cabeleireiro Douglas José Gonçalves, de 28 anos, o dia amanhece não com uma simples celebração, mas com a realização de um sonho. Às vésperas da data tão especial para muitos, ele conseguiu reencontrar sua mãe depois de 7 anos de separação. O reencontro foi possível depois que o cabeleireiro a viu em uma reportagem sobre moradores de rua - onde Celi Gonçalves viveu nos últimos anos.
Na reportagem sobre voluntários que servem comida a quem mora na rua, exibida pela TV TEM, Douglas reconheceu os traços da mãe. “Cheguei do meu salão, sentei para assistir à TV e vi minha mãe em uma reportagem. Apareceu o grupo orando e ela foi a primeira a ser mostrada. Eu dei um grito em casa e falei: ‘É minha mãe!'", lembra.
Celi sobrevivia na rua com um companheiro e ganhava uns trocados atuando como "flanelinha". Entretanto, também dependia da ajuda de voluntários de uma paróquia da cidade, que distribui comida às pessoas em situação de risco.
A reportagem destacava o trabalho da igreja, realizado há cerca de um ano. "Minha família sempre disse que minha mãe era muito bonita. Quando a vi pegando comida da mão do rapaz, toda trêmula, pensei: ‘Eu preciso ir atrás da minha mãe'", diz.

Mágoas no passado

A decisão de reencontrar Celi só foi possível por conta da determinação de Douglas, formado em psicologia, em deixar as mágoas do passado definitivamente para trás. E não foram poucas. Abandonado pela mãe quando tinha apenas dois anos, viveu com o pai - que era alcoólatra - até os nove. Cansado de sofrer dentro de casa, procurou ajuda na catequese, que indicou um orfanato na cidade.
Com a mudança drástica, dos 9 aos 16 passou por abrigos em Sorocaba (SP), Salto de Pirapora (SP) e Araçoiaba da Serra (SP). Voltou para a casa do pai aos 16 anos, onde ficou até os 18, quando foi para Santos cursar psicologia.
Douglas conta que nem se lembrava mais das feições da mãe, tinha apenas como referência o que familiares contavam e flashs de memória na infância. “Não tinha fotos, não tinha lembranças, não sabia como ela era."
Foi só quando o pai morreu, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que Douglas reencontrou Celi, 19 anos depois.
"Naquela época eu morava em Santos, fazia psicologia lá e não sabia o que estava acontecendo aqui. Logo no fim da minha faculdade o meu pai morreu. Ela [Celi] veio falar comigo e disse: ‘Sou sua mãe’. Levei um susto, porque não me lembrava mais como ela era”, diz.
Mas a alegria de poder ter novamente a mãe ao seu lado durou pouco. Cerca de três meses depois, Celi saiu de de casa, abandonando o filho pela segunda vez.
"Quando ela saiu de casa de novo cheguei a procurar por ela, mas sem sucesso. Foi então que veio a reportagem e reconheci que era ela. Vi como estava fragilizada, precisando de mim. Sete anos depois daquele breve reencontro, temos muita coisa para acertar. Eu quero muito ajudá-la, sinto que esse é o momento. Agora eu tenho estrutura psicológica para superar o que aconteceu e deixar o passado para trás”, revela.

'Meu Deus, é meu filho!’

O local escolhido para o reencontro foi a Praça do Truco, onde o grupo de voluntários se reúne para distribuir alimentos aos moradores de rua, na noite gelada de sexta-feira - antevéspera do Dia das Mães.
Antes de pegar a comida, todos dão as mãos e rezam. Dona Celi agradece, sem perceber que o filho olha de longe, ansioso. No meio das palavras, a moradora de rua chora quando alguém na roda fala sobre o Dia das Mães. Minutos depois, enquanto seca as lágrimas, ela diz que amaria reencontrar o filho. Em seguida, Douglas chega e se apresenta para uma incrédula Dona Celi, que custa a achar palavras para se expressar.
“Eu não acredito, não é. Não é meu filho. Não é o Douglas. Meu Deus, eu estava morrendo de saudade. Onde você estava? Que saudade, meu amor”, diz a mãe, entre beijos e abraços. “Nossa, meu anjo, você está gordo”, brinca.
Após o esperado reencontro, Douglas convida a mãe a morar com ele e ter uma nova vida, uma casa. Convite que é aceito de imediato. “É meu filho, eu não acredito. Meu Dia das Mães vai ser feliz, contente de ver meu filho”, finaliza Dona Celi, despedindo-se de todos no grupo para seguir, finalmente, ao lado do filho em busca de uma nova vida.
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