“Deus! Ela é como um cordeiro branco como leite que bale pela proteção do homem.”, exclamou o poeta inglês Keats. O escritor francês Michelet lamentava a dor, languidez e fraqueza suportadas por essa “pobre criatura” por causa da menstruação. Ele dizia: “Nessa cicatrização de um ferimento interno, 15 ou 20 dias de 28 (podemos dizer quase sempre), a mulher é não somente uma inválida, como alguém ferido.”
O filósofo francês Auguste Comte viu a feminilidade como uma espécie de infância prolongada e Balzac achou que as mulheres eram incapazes de raciocinar ou de absorver conhecimento útil dos livros.
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer via a mulher como mais avançada na escala filogenética. Ela pertencia definitivamente à ordem Homo sapiens – em alguns pontos entre uma criança e homem adulto. Em relação às suas características específicas, mostrou-se menos generoso ainda:
“A única questão que realmente chama sua atenção é o amor, fazer conquistas e tudo que seja ligado a isso – vestidos, danças e assim por diante. O defeito fundamental do caráter feminino é que ele não tem sentimento de justiça…. a mulher que seja completamente verdadeira e não inclinada à dissimulação talvez seja uma impossibilidade. Somente o homem, cujo intelecto é nublado por impulsos sexuais, poderia dar o nome de belo sexo àquela raça de estatura deficiente, ombros estreitos, quadris largos e pernas curtas… As simpatias que existem entre elas e os homens são apenas superficiais, não tocam a mente, os sentimentos ou o caráter.”
Napoleão declarou de maneira direta que “um marido deveria ter império absoluto sobre os atos de sua esposa.” E instituiu leis a tal respeito. Thomas Jefferson declarou que o direito de voto não deveria ser concedido nunca à mulher, “visto que os seios ternos das damas não eram formados para a convulsão política.”
Juntamente com a modéstia, a virtude, a doçura, e outras qualidades que a mulher devia possuir, presumia-se que ela tinha de ser fraca, temerosa, ansiosa por ser amparada e dominada por um tipo robusto de homem. Muitas corresponderam, e ainda correspondem a essa expectativa.
A mulher foi então desenvolvendo características de dependência absoluta do homem. Tanto que até hoje encontramos mulheres que se sentem desvalorizadas se não têm um homem ao lado – namorado ou marido.
Apesar de o movimento feminista da década de 1960 ter feito com que grande parte das mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães, e as exigências práticas da vida não mais permitirem que elas se escondam sob a proteção do pai ou marido, para muitas a liberdade na forma de pensar e agir assusta .
Apesar de ganharem seu próprio dinheiro e não ter que prestarem contas dos seus gastos a ninguém, fica claro que ter independência financeira não significa se livrar de todos os valores que foram impostos à mulher, como a necessidade de proteção e submissão ao homem.
Para a maioria das mulheres, ser mulher significa ajustar sua imagem de acordo com as necessidades e exigências masculinas. É preciso mudar isso!
Regina Navarro Lins
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