quarta-feira, 22 de março de 2017

'Mistura de decepção com raiva', diz marido de mulher morta e acorrentada por idoso

quarta-feira, 22 de março de 2017

Web designer César Augusto Lopes evita saber detalhes sobre o que aconteceu com sua mulher, Simone de Moura Facini Lopes, de 31 anos, que foi assassinada e acorrentada seminua à cama em uma chácara de São José do Rio Preto (SP), no último dia 12. Ele diz que prefere se poupar, mas soube por familiares que Francisco Lopes Ferreira, de 64 anos, confessou o crime.
Lopes conta que a mulher levava comida para o suspeito todos os dias na hora do almoço e, às vezes, ia à noite também. "Ela ia fazer a alfabetização, o estudo bíblico, e fazia com amor. De vez em quando, eu a via pegar o caderninho corrigir os estudos dele e organizar para o próximo dia. A gente não consegue imaginar como um ser humano pode fazer esta atrocidade que ele fez com minha esposa, que só fez o bem para ele", afirma.
A reconstituição do crime deve ser feita na próxima semana. Os dois homens que moravam na chácara estão presos suspeitos de terem cometido o crime. Francisco Lopes Ferreira, de 64 anos, foi preso na segunda-feira (20) ao sair de uma mata, onde ficou escondido por 10 dias. O outro suspeito, Juvenal Pereira dos Santos, de 47 anos, foi preso cinco dias após o crime perto da chácara onde morava e onde o crime aconteceu. Os dois já cumpriram pena juntos por estupro.
O marido de Simone conta como era a rotina da mulher e afirma que eles nunca imaginaram que o idoso tivesse passagem pela polícia. "Em momento algum minha esposa sentiu medo, ele passou o Natal na casa da minha sogra, então, ele me enganou, enganou minha sogra, meu sogro. Ele enganou muita gente. Uma vez uma vizinha veio me dizer que seria perigoso ela ir lá sozinha porque havia dois homens. Então, eu a chamei para conversar e pedi para ela parar de ir, mas ela disse que quando ia o outro rapaz não ficava lá, que eu não precisava me preocupar."
Confiança
Lopes afirma que uma vez Simone levou Francisco à casa deles e o idoso lhe disse para confiar nele.
O marido de Simone conta como era a rotina da mulher e afirma que eles nunca imaginaram que o idoso tivesse passagem pela polícia. "Em momento algum minha esposa sentiu medo, ele passou o Natal na casa da minha sogra, então, ele me enganou, enganou minha sogra, meu sogro. Ele enganou muita gente. Uma vez uma vizinha veio me dizer que seria perigoso ela ir lá sozinha porque havia dois homens. Então, eu a chamei para conversar e pedi para ela parar de ir, mas ela disse que quando ia o outro rapaz não ficava lá, que eu não precisava me preocupar."
"Eu achava que ele era uma pessoa simples, criada na roça, sem maldade no coração. Ele me disse: 'César você pode ficar tranquilo eu amo a Simone como se fosse minha filha'. Ela o ajudava tanto, que não senti que seria um mal para ela. Se eu tivesse uma faísca de imaginação de que ele faria mal a ela, não teria deixado, mas infelizmente a gente foi realmente enganado por este senhor", lamenta.
Outra situação lembrada pelo marido foi a de a mulher ter se esforçado para comprar uma dentadura para Francisco. "Me lembro que ela falou para mim: ‘Mor, o seu Francisco, na verdade ela o chamava de irmão, fica chupando o alimento e não mastiga porque não tem dente. Vamos comprar uma dentadura para ele?' Eu disse que não tínhamos condições, porque custava R$ 500, mas ela me convenceu. Me dizia que tínhamos que ajudar as pessoas. 'Vamos fazer o bem, Deus vai abençoar a gente', falava. Sem dizer as muitas coisas que fazíamos para ele. Ele ia em casa, ela cortava a unha dele, então a gente fica indignado, porque ela só fazia o bem para ele", diz.
O web designer lembra que a mulher o considerava como um avô.
"Minha esposa o amava como se fosse um avô, era como se fosse um vozinho que ela estava ajudando, uma pessoa que ela acreditava estar levando para Deus, uma estrelinha que ela estava ganhando no céu, porque na nossa religião quando a gente leva uma pessoa para Deus ganhamos uma estrelinha no céu, na nossa coroa celestial."
Segundo ele, Simone estava entusiasmada porque estava ganhando a primeira estrelinha dela, porque ele dizia que ia ser batizado na igreja. "Ele chegou a ir à igreja com ela e outros irmãos para limpar. Ela acreditava que ele estava se encaminhando para Deus. É difícil porque a gente sentia o amor dentro do coração dela."
O marido conta que a relação entre ele e a mulher era de muita confiança, por isso nunca a acompanhou até a chácara. "Sou caseiro, não sou de sair, a gente já fez trabalhos missionários juntos, mas esse trabalho em especial ela fazia sozinha. Uma vizinha apresentou o Francisco para a Simone e ela achou a necessidade em ajudá-lo. Nossa relação era de muita confiança e ela tinha essa liberdade, amava essa liberdade."
Lopes diz que teve uma vez em que Simone fez um aniversário para o idoso e o convidou para ir à chácara. "Eu tinha que desenvolver um trabalho e não fui, mas foi meu filho, ela, um vizinho e algumas outras pessoas. Inclusive, foi o dia em que ele usou a dentadura pela primeira vez", fala.
O dia do crime
No domingo (12), dia do crime, o marido diz que a mulher acordou cedo, foi ao mercado e saiu por volta das 11h. "Ela saiu, mas nem me falou. Perguntei para o nosso filho se ela havia dito para onde ia e ele disse que ela falou que ia na casa do irmão (Francisco) para fazer um bolo. Falei tá bom. Fiquei trabalhando e meu filho no videogame. Não me preocupei porque era normal ela sair e de lá ir na casa da mãe ou na da vizinha e depois ir à igreja. Enfim, pensei que ela estivesse ido pronta para ir para a igreja."
Ele conta que a preocupação ficou maior quando deu o horário dela voltar da igreja e não voltou "Quando deu 21h20 e não chegou, chamei meu filho e fomos à chácara, chamamos e nada. Voltamos para casa e nada. Liguei para a minha sogra e ela já ficou desesperada. Quando perguntei e disse que ela tinha saído cedo, minha sogra já começou a gritar e falar: ‘mataram minha filha’, mas nunca imaginei. A mãe dela disse que a Simone não ficaria tanto tempo sem dar notícias. Voltamos à chácara e mostrei para a mãe dela que estava tudo escuro e ela não estaria ali. Então, fui à igreja. Perguntei da Simone e disseram que ela não havia ido lá. Já ficamos todos preocupados e voltei para casa. Vi um rapaz perto da chácara e confesso que tive um pouquinho de esperança em achá-la e quando perguntei por ela, ele falou: ‘a sua esposa está deitada na cama ensanguentada, já chamei a polícia’. Quando ele falou isso eu já comecei a passar a mal", lembra.

O marido ainda está inconformado com o caso. "Minha vida sem a Simone está sendo de uma tristeza muito grande por saber que não posso ter o carinho dela, que não posso mais abraçar nem falar com ela. Ela não vai ver nosso filho crescer, é choro em cima de choro, ninguém se conforma. O desespero da minha sogra, de todos os familiares. Não me conformo até agora, é uma tristeza muita grande. É muito triste saber que não temos a pessoa que amamos do lado. Minha força é meu filho."
Lopes afirma que se ficasse frente a frente com Francisco só gostaria de saber o motivo do crime. "Eu queria entender o porquê ele fez isso, como ele teve a capacidade de fazer isso? Queria entender como ele teve essa capacidade? Deve ser um monstro, nem sei o que falar. É difícil, é a coisa mais difícil do mundo. Será que ele não sentiu um remorso? Como que pode? Ela comprou pomada para as feridas da perna dele. Como pode? Uma pessoa que só fez o bem para ele"
Entenda o caso
A vítima frequentava a chácara, onde foi encontrada morta e acorrentada à cama, há cerca de seis meses. Segundo a família, Simone ensinava o homem de 64 anos a ler e a escrever. No domingo (12), dia em que foi morta, daria aula de ensino religioso para ele.

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