terça-feira, 21 de março de 2017

Mãe revela que desconfiou de troca de bebês em hospital logo após o parto

terça-feira, 21 de março de 2017

A autônoma Maria Martins Pereira, de 50 anos, busca encontrar uma resposta para a possível troca de bebês na qual esteve envolvida, há 32 anos, no Hospital Municipal de Quirinópolis, no sul de Goiás. Ela levou para casa aquela que imaginava ser sua filha biológica, Keila Martins Borges, porém, um exame de DNA constatou a inexistência de laços sanguíneos entre elas. Agora, a mãe lembra de um conjunto de fatos "suspeitos" que, na época, a fez questionar se o bebê era mesmo aquele gerado em seu ventre.

"Vou confessar que tinha uma suspeita. Quando minha filha nasceu, ela foi levada para o berçário. Minha mãe a viu antes e me disse: 'Sua menina é linda, branquinha, parece o pai'. Quando ela veio para o quarto, minha mãe também estava e questionou que não era o mesmo bebê por ser bem mais morena. Além disso, ela estava com uma roupinha diferente das duas que eu tinha levado para o hospital para que ela vestisse. Acho que a troca aconteceu ali", disse Maria ao G1.
Outro fator que chamou a atenção foi o fato do bebê não estar com a pulseira de identificação com o nome da mãe. A autônoma diz que questionou a enfermeira sobre a situação, mas ouviu que o objeto tinha caído além da confirmação de que aquela era sim sua filha. "Na hora eu acreditei e fui cuidar da minha filha. Depois nunca mais passou pela minha cabeça questionar essa situação", lembra.
Maria disse não se lembrar dos nomes dos profissionais que atuaram em seu parto no dia 15 de maio de 1984. Um dia após dar à luz, deixou a unidade de saúde com Keila no colo e voltou para Gouvelândia, a 35 km de Quirinópolis, onde sempre viveu.
xpectativa
Naquele mesmo dia, também nasceu no hospital Elisângela Vicente Maciel a suposta filha biológica de Maria. Ambas já fizeram exame de DNA para confirmar as suspeitas e o resultado deve sair em duas semanas. Para a autônoma, o teste é meramente um detalhe.
"Ela esteve aqui para conversar comigo e eu falei que íamos fazer o teste por fazer porque eu não tenho dúvida: ela é minha filha. Quando a vi, ela me abraçou. Eu olhei e disse 'é ela não tem jeito'" conta.
G1 tentou falar com Elisângela, na casa dela, em Quirinópolis, mas o marido dela disse que ela não vai só vai se manifestar após o resultado do exame.
O caso foi descoberto depois que uma prima de Keila encontrou, na igreja que frequentava, uma mulher muito parecida com ela. A situação provocou ainda mais espanto quando foi descoberto que a pessoa em questão, Eliane Maciel, de 38 anos, tinha uma irmã nascida no mesmo dia, mês, ano e hospital que Keila - no caso, Elisângela.  A coincidência motivou o DNA.
"Unir famílias"
Apesar do interesse em manter uma relação com Elisângela, Maria faz questão de ressaltar que "nada muda" em relação à sua situação com Keila.
"Na verdade, eu ganhei outra família. Temos que nos unir e manter uma amizade para viver juntos o tempo que perdemos. Não sei qual será a reação dela se der positivo, mas a minha ideia é manter contato", destaca.
Keila já conheceu e até passou  um final de semana na fazenda com sua suposta família de sangue. Ela também prevê para os próximos dias o procedimento para comprovar sua filiação biológica. "Foi super tranquilo. Eu me senti em casa" define.
Troca ainda é mistério
As circunstâncias em que a possível troca de bebês se deu ainda é uma questão cheia de mistérios. A direção do Hospital Municipal de Quirinópolis não possui os registros dos servidores que atuaram nos partos daquele dia, pois diz ser obrigada por normativa do Conselho Federal de Medicina (CFM) a guardar documentos somente por um período de 20 anos.
As duas mulheres foram registradas no Cartório Civil de Quirinópolis. Apesar da data de nascimento, Keila foi registrada em 1985, e Elisângela somente no ano seguinte. Não há qualquer informação mais detalhada fora aquelas de praxe como nome dos pais e data e local de  nascimento.
Mulher acredita ter sido trocada há 32 anos em maternidade de Quirinópolis em Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
A tabeliã Aparecida Maciel afirma que é praticamente impossível saber exatamente quantas crianças nasceram naquele dia na cidade. "Os arquivos não são digitalizados e, além disso, como nos casos das duas, o registro é feito muito tempo depois. Então teríamos que analisar de todos os livros ao menos dois dados" explica.
Na prefeitura também não há informações disponíveis sobre escalas de trabalho ou nomes dos profissionais que estavam em serviço.
Apesar dos impasses, a dor pela forma como tudo aconteceu ainda machuca os envolvidos. Por isso, a família de Maria já procurou um advogado e pretende entrar na Justiça com uma ação por danos morais.
"Não sei nem te falar. É muito ruim, uma irresponsabilidade muito grande. Paro para pensar, será que foi por maldade ou um erro de alguém que se diz profissional? Eu quero Justiça porque 32 anos não são 32 dias" desabafa a autônoma.

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